NÃO CONCORDAMOS
Malgrado o risco da repetição fastidiosa, insisto em que não há saída para a nação senão a construção de um outro país totalmente diferente daquele em que vivemos, condicionado a uma nova conjuntura política, social e econômica voltada ao país, sua gente e às necessidades mais prementes do bem estar e cidadania, uma resposta à muito pouca coisa de bom e a tudo de ruim feito aqui ao longo de séculos, em cujo bojo se formule e aplique uma política econômica com eficientes instrumentos de internacionalização alheios aos interesses internos e externos que têm conservado o Brasil nos estreitos limites industriais e científicos nos quais ainda se encontra quinhentos anos após o “descobrimento”, a despeito do vasto território e das suas imensas riquezas, desde então pilhadas, malbaratadas e dadas em regalo.
Já refletimos aqui sobre a necessidade de se redesenhar as estruturas do país, adequa-las. Assim comece o próximo ano, uma Constituinte precisa ser instalada para, sem tocar no Artigo 5° da Constituição vigente e nos dispositivos que definem e sustentam a República e seus Poderes, redimensiona-la e equacionar suas despesas e custos, com a atenção especial posta no Congresso, uma hidra de 594 (quinhentas e noventa e quatro) cabeças carente de urgente ‘operação cirúrgica’ para caber no leito da plena valia, efetividade e tamanho.
O momento é este, não pode ser perdido. O país não necessita na Presidência de alguém vivido sempre em função da política ou sob regras irrecusáveis, precisa de um líder preparado, competente, independente e desassombrado, sem interesses pessoais ou de grupo a serem satisfeitos à custa da República, inteiramente voltado ao Brasil de hoje para assegurar que haja um Brasil de amanhã, do futuro. O postulante ou postulantes que não preencham essas necessidades ou não tenham esse perfil melhor fariam se desistissem da postulação à candidatura ou da candidatura já definida; em não o fazendo, esperança-se sejam solenemente ignorados pela população, pelos eleitores.
A boa liderança, a liderança certa, será aquela movida pelo princípio do ‘desculpe, eu estou com dificuldades para entender exatamente o problema; seria pedir demais me explicassem novamente onde estão e quais são as questões fulcrais?’, não aquele de fingida simplicidade que, veladamente arrogante, diz: ‘Vocês estão com dificuldades, não conseguem entender exatamente o problema; falarei a respeito mais uma vez, vocês precisam entendê-lo definitivamente’.
Não insistamos em esperar de certos senhores e senhoras coisas relativamente às quais, provado ao longo de suas vidas, são incapazes, inábeis para realizar. Quem não teve interesse ou competência para, por exemplo, mesmo com anos de oportunidades para fazê-lo, acabar com problemas sazonais, certos e fatais em seu Estado de origem, tem condições de resolver os monumentais problemas do Brasil, especialmente se membro de grupos responsáveis pela baderna institucional, administrativa e econômica instalada no país desde cerca de, pouco mais, pouco menos, quatro anos? A construção de um novo Brasil reclama uma liderança comprovadamente competente e hábil, obediente à Constituição e à lei, às boas práticas e aos bons costumes, só a eles. Ou temos de ceder às pressões para crer que esse homem não existe no Brasil e aceitar, concordando, com isso que aí está?
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