SE LIGA, ELEGÂNCIA
A vida dos menos aquinhoados econômica e socialmente nunca foi fácil, por isso cultivam ícones, que pode ser Deus, um político, um líder religioso ou o que mais seja. Conscientes de sua vulnerabilidade, a grande maioria crê firmemente ser pecadora e despreparada, precisando de quem fale por ela segundo as opiniões pessoais ou doutrina daquele que escolheu como porta-voz; é de se registrar que, geralmente, o líder e porta-voz cuida com extrema competência do progresso material de suas corporações. Isso acontece porque a grande maioria precisa irresistivelmente e antes de tudo ter certeza, algo imperioso em função do seu complexo de casca de noz em meio ao caudal do mundo, uma torrente pela qual teme ser arrastada. Sua certeza forma-se a partir do ícone escolhido.
Ninguém é pecador, porque, digo isso e o demonstro em outro dos meus textos, simplesmente o pecado não existe. A certeza, portanto, que vem do Deus do sacerdote por ele transita ao sabor de sua interpretação, marcada por conceitos próprios e pela lealdade devida ao seu grupo. A certeza no político é um bocado complicada; produto superior, por definição, do poder econômico, a política move-se sempre na direção do poder e, na forma do grau mais elevado de poder econômico, em busca permanente do poder total, aquele grau de poder que, instalado, empurra naturalmente para segundo plano todas as regras normativas da vida em Sociedade amparadas nos costumes, nos instrumentos constitucionais e legais. É quando a certeza converte-se em incerteza total para os demais, porque, aquele que se agarrou à sua certeza renunciou a ter vontade própria, quer apenas a segurança do ícone. A certeza do líder religioso é, para quem a contempla, transcendente, logo, indiscutível; seu ícone sabe o que é melhor para ele e, se lhe diz que o seu mundo é a sua seara religiosa, nada mais importando, que o crescimento da corrente da qual é parte implica o seu próprio crescimento e grandiosidade, ponto! Viva o líder.
Resta para aqueles que têm dúvidas, os mais autênticos seres humanos, um senhor abacaxi, por habitarem um mundo no qual têm de transitar entre a certeza de Deus, a certeza dos políticos e a certeza dos líderes religiosos. Com a incerteza crucial de não conseguirem ver, eles que são maioria, onde pode estar nos ícones qualquer “certeza certa”, dado que são eles próprios seres humanos, falíveis e contraditórios, portanto, exceto Deus, obviamente, que é o que queiramos seja Ele, de modo especial o sacerdote, que sabe tudo Dele, a despeito de, por acaso, ser a mais perfeita e acabada figura do mero ser humano.
Certeza? Se liga, elegância.
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