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REFLEXÕES BRASILEIRAS - 2


Além de investimentos diretos de dinheiro público na Embraer, via KC-390, a empresa, no ranking dos 50 (cinquenta) maiores clientes do BNDES, está em segundo lugar, atrás apenas da Petrobras, ultrapassando a movimentação da sua conta de empréstimos, ou financiamentos, a casa dos 49 (quarenta e nove) bilhões de Reais ou 12.785 (doze bilhões, setecentos e oitenta e cinco) bilhões de dólares ao câmbio de R$3,80 (três Reais e oitenta centavos) de ontem, terça-feira, 22. Dinheiro do BNDES é dinheiro público; o maior acionista do banco é o Tesouro Nacional.

Ninguém fala da enxurrada de dinheiro público na Empresa, nada se noticia, assim como não se tem a menor notícia do tratamento que vem sendo dado ao saldo devedor da conta nessa estranha negociação Embraer/Boeing, na qual o conceito de joint-venture está um tanto descaracterizado. O que se tem, de fato, na hipótese, é uma operação de compra e venda; numa operação desse tipo, o passivo da empresa comprada não pode ficar fora do equacionamento do negócio, ou, simplesmente ignorado, ser jogado às calendas. Estamos falando de dinheiro do Contribuinte brasileiro, do qual alguém se beneficiou, devendo, portanto, objetiva e claramente definirem-se as responsabilidades pelo passivo existente. Sem falar-se de impedimentos outros, já discutidos.

O BNDES informa em seus sites sobre os empréstimos que faz e a quem empresta, até mesmo a figuras públicas e notórias para a compra de jatinhos particulares, que não é coisa pouca, ao redor de 17 (dezessete) milhões de Reais, quando o banco foi criado por Getulio Vargas para fomentar a produção e o desenvolvimento do país, que, como sabemos, conforme o IBGE, tinha no começo do mês de Dezembro último a bagatela de mais de 15 (quinze) milhões de brasileiros sem emprego, sem qualquer assistência, vivendo abaixo da linha de pobreza máxima, é dizer, passando fome em seu próprio país.

Atentem, srs. deputados e senadores, 100 (cem) milhões de votos sejam não significam um cheque em branco. Existem compromissos, regras, leis, a Constituição e as decisões do STF. Fala-se na obtenção de 20 (vinte) bilhões de Reais com a venda de estatais; quanto devem ao país os 50 (cinquenta) maiores devedores da Previdência Social, quanto gasta o país com as isenções e benefícios concedidos aos homens de negócio no Brasil sem qualquer resultado a justificar a montanha de dinheiro com eles despendida, grosso modo, qualquer coisa como 300 (trezentos) bilhões de Reais? As estatais não podem ser atiradas no lixo ou simplesmente extintas, elas representam milhares de empregos, devem ser arrumadas, racionalizadas, profissionalmente gerenciadas e administradas. E por falar nisso, o Brasil não pode ser administrado à conveniência do exterior, mas à conveniência dos brasileiros. O que se fará extinguindo estatais será atirar no limbo milhares de patrícios que irão por primeiro engrossar as hordas de desempregados; esgotados os seus recursos descerão para a pobreza, depois para a pobreza extrema e, em, seguida, para níveis abaixo da linha da pobreza extrema onde já estão os mais de 15 milhões identificados pelo IBGE, uma desgraça nacional que não cessará de ampliar-se.

O Brasil reclama urgentemente medidas efetivas na Economia do mundo real. O IBC-Br, indicador que avalia continuamente o ritmo econômico, constituindo-se uma prévia do PIB, aponta para um crescimento em 2018 ao redor de 1,2% (um vírgula dois por cento), podendo ser ainda menor. O PIB de 2017, por todos os modos um ano muito ruim, foi de 1,1% (um vírgula um por cento). 2018 teve tudo, economicamente falando, para alinhar-se a ele em tema de resultados. Nada há de defensável nas alvíssaras que falam em crescimento sustentado da atividade econômica do país. Nesta mesma altura de 2018 foi um festival de previsões otimistas, restando como herança do ano passado as realidades que nos chocam e apontam para o embrutecimento da visão nacional relativamente aos nossos reais problemas, especialmente os nossos gravíssimos problemas sociais.

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