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REFLEXÕES BRASILEIRAS - 3


Todos sabemos: Hordas de desempregados.

Brumadinho, um horror em si mesmo, consegue exceder-se no contínuo desdobramento de uma patogenia que, no Brasil, remonta à descoberta física da região que viria a tornar-se o nosso país e está presente idiossincraticamente desde o colonizador. O país não interessa às elites, o homem comum não tem absolutamente nenhuma importância.

Em qualquer país medianamente civilizado, não importa se a Empresa é pública ou privada, a correção geral nos negócios é a tônica. Por aqui, políticos e oportunistas amigos do rei não têm, historicamente, deixado a Empresa pública em paz. Quando se trata de Empresa que “funciona”, a constante é dela se aproveitarem; a tratar-se de Empresas de natureza e cunho estratégicos a prática é arruiná-la ou deixá-la “redondinha” para privatiza-la facilitando sua venda para o exterior. Quando arruinada e privatizada, são assegurados aos adquirentes generosos financiamentos com dinheiro público a juros baixos, tudo sem detalhes maiores passados à Sociedade que, tendo apenas o “direito” de pagar, fica, ao fim e ao cabo, sem saber o que realmente se passa nos bastidores; não raro, os saldos dos empréstimos, ou financiamentos, se eternizam, tangem a insolubilidade. Comprar Empresa pública no Brasil é realmente um grande negócio para quem compra; praticamente nada custam e ainda, quem sabe?, sobra um “troco”.

A grande empresa privada é um feudo coalhado de burocratas vaidosos que lutam entre si por prestígio e mando com o olho na próxima gratificação. Boa parte deles adora reuniões, ocasião em que se pode exibir e à própria posição. Sei de um Consultor experiente que, convidado para participar de um desses desfiles de vaidades para a hipótese de eventuais dúvidas, viu e ouviu: Desculpe, Taylor, mas não responderei à sua pergunta. Recebido de volta um sonoro por quê?, a resposta, enfática, foi: De quanto foi a sua última gratificação semestral? O Consultou alegou precisar urgentemente ir ao banheiro. Não foi e não voltou para a reunião.

Na Empresa privada acontecem coisas do arco-da-velha. Você assistiu Network, com Michael Douglas? Lembra-se do seu personagem? Aquilo não é fantasia, foi glamourizado, mas não é fantasia; a deficiência de visão global dos negócios é endêmica e os alpinistas são peças de um cenário em que as regras são ditadas de cima para baixo, sem contemplação, por, muitas vezes, idiotas que, com frequência, não sabem com a profundidade necessária do que falam, ignorando solenemente os caras que de fato entendem do riscado e que, por essas circunstâncias da vida, estão em “retangulozinhos” do organograma menores do que o seu, como no exemplo do pimpão acima que provocou o abandono da reunião pelo Consultor.

Por incrível que possa parecer ao leigo no assunto grande Empresa, passando pela média empresa e até por pequenas empresas, a política corre solta, inclusive com a formação de grupos contrários; a Empresa pública, sob administração de quem sabe o que está fazendo, dá de dez na Empresa privada em geral, com um detalhe que não é tão detalhe assim: As vantagens existentes na Empresa privada, os fringe benefits, nada têm de respeito humano; existem para amaciar, tornar passivo o funcionário, especialmente aquele cuja visão humanista e profissional dos negócios incomoda aos pragmáticos, no bojo dessa palavra, em se tratando de grandes e até médias Empresas, uma série de interesses, às vezes não muito convencionais.

Uma administração pública profissional comprometida com os resultados não precisa de Ministros; o organograma da República tem em cada ramo de suas atividades funcionários extremamente competentes, preparados, experientes, maduros, apaixonados pelo que fazem e que trabalham e trabalham de verdade; são eles, de fato, que tocam os Ministérios, não precisam habitualmente de Ministros para nada, Ministros esses que frequentemente atrapalham. Faça-se uma experiência: Ponham-se de quarentena alguns desses senhores que ligam os órgãos ao corpo, converse-se com os funcionários e peçam-se a eles por aclamação um Secretário-Geral para o Ministério, a ser posteriormente examinado e avaliado. A máquina desemperrará no ato, o corpo de órgãos dispersos se transformará em organismo, num sistema, se orientado por uma cabeça com visão de conjunto e competência administrativa. E, claro, com brasilidade.

A Empresa pública é muito melhor do que a Empresa privada, tem regras, compromissos, é passível de controle efetivo e direto e é praticamente impossível de ser trêfegamente engolida.

(1) Nenhuma Empresa pública recebeu 20 (vinte) bilhões de Reais de dinheiro público em investimentos diretos extra-operacionais, nem movimentou desembaraçadamente sua conta de empréstimos junto a banco público, totalizando ambas as operações financeiras cerca de 70 (setenta) bilhões de Reais, para depois propor-se jogar-se nos braços de uma Empresa estrangeira por qualquer coisa como 25% (vinte e cinco por cento) desse valor, sem contar o seu valor intrínseco e patrimonial, incluindo-se aqui, por suposto, tudo o que representa valor em sua estrutura. (2) Empresas públicas não receberam 300 (trezentos) bilhões de Reais em assistência não controlada e renúncias fiscais injustificadas, mimos, de fato, para depois desinvestir, fazer exigências em matérias que lhe não competem, contribuir com boa parcela de responsabilidade para a ruína da Economia brasileira.

E não matam. Às dezenas, ultrapassando as três centenas.

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