TIOS THOMAS
Quando se estuda uma biografia, por menos que se o pretenda o nome do biografado fixa-se na memória como consequência natural do conhecimento adquirido das questões relevantes sobre ele. E nada mais importante do que o nome do biografado. Com vistas ao artigo anterior, é Patricia Viseur Sellers e não Patricia Liseur Sellers. Eu não costumo cometer desrespeitos, bem menos desrespeitos grosseiros. Pai, iluminai-os; eles sabem o que fazem! [Paráfrase de Lucas 23:34, reflexo de uma exortação do Jesus bíblico; as palavras do Jesus histórico terão sido: Eli, Eli, lama sabactani, em aramaico Pai, Pai, porque me abandonaste? (Mateus, 27:46 e Marcos 15:34).
Ainda com vistas ao artigo anterior, eu melhor expressaria minha homenagem à Consciência Negra, em seu dia, se, em lugar de ‘emocionada’, eu empregasse a palavra ‘comovida’. Porque assim é. A história dos brasileiros de origem africana, cujos antepassados foram abjetamente escravizados no Brasil, abrindo a mal cicatrizada chaga que envergonha e sensibiliza os seres humanizados, é dolorosa, cruel, seres humanos transportados com menor cuidado do que os animais, mortos em quantidade assustadora nos porões imundos e sem ventilação dos navios negreiros, e em condições de higiene menos que selvagens, atirados ao mar como dejetos, humilhados e explorados depois pelo colonizador não afeito ao trabalho, sua memória traída pelos tios Thomas do Brasil escravista e pós-escravista, que chegaram aos tempos atuais prestando-se a ridicularias para se assegurarem das migalhas da mesa branca, elitista e discriminadora, com sua irrefreável vocação senhorial e tendência dominadora.
Nossa história escravista, dormitando, parece haver despertado, e, pior, tudo fazendo crer sermos, hoje, um país de tios Thomas de todos os matizes.
Transcrevo:
A cotação do dólar, acima dos quatro Reais, dá a medida da desconfiança no panorama eleitoral descortinado, a ele somando-se a situação econômica do país, o déficit exacerbado nas contas públicas federais e a falta de permissões orçamentárias para qualquer coisa na próxima Administração. O que fizeram os senhores da bagunça, do ódio e da divisão de algo mais de três anos para cá foi desarrumar por completo a vida do país e dar-lhe um nó cujo desate só Deus sabe quando virá. Em análise final, pararam o Brasil, restando uma diferença fundamental: A crise da época em que iniciados todos os nossos graves desacertos, salvo a parcela tocante à Economia internacional, parte menor da nossa infelicidade econômica e causa da nossa desventura institucional, foi fabricada; a crise atual é real, decorrente de problemas históricos agravados pela incompetência e pelos desmandos praticados desde o impedimento da titular da Administração anterior. Constata-se com horror que a partir de então teremos, por baixo, por baixo, uma década perdida, que se pode estender, digamos, talvez mesmo com exagerado otimismo, até por volta de 2030. Se ficar só nisso. Que futuro tudo isso reserva ao Brasil? (Segundo parágrafo do Artigo de 22 de Agosto de 2018, Um Desastre e Uma Saia Justa. Queira ver).
Encerro este Artigo com a pergunta de encerramento do Artigo acima referido:
Afinal, que classe de realidade é esta que estamos vivendo no Brasil?
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