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REFLEXÕES DE TEMPOS VIRAIS

QUE TAL TENTARMOS SER GENTE,

O QUE ESTÁ ALÉM, MUITO ALÉM DO BÍPEDE IMPLUME?

É complicado quando nos capacitamos, ante uma tragédia de expressão mundial, que o melhor a fazer é ficar quietinhos em nosso canto. Não atrapalhe, esta é a palavra de ordem. Paralelamente, verifica-se a existência de pessoas maravilhosas que estão tirando dinheiro do próprio bolso e indo para a rua levar comida para os desassistidos do Estado, pondo em risco a própria saúde, e, por extensão, a própria vida, como a magnífica gente da Saúde. Que lição, amigos, que lição! À custa de muitas vidas acaba-se por concluir que não devemos a segurança existencial ao Ente Público, mas aos nossos semelhantes. Semelhantes? Há santos entre eles. Não lhe chamou a atenção o Dr. Arnaldo? Não digo o sobrenome porque ele poderia não gostar; não se contraria um santo. Grandes, médias e pequenas empresas saíram a campo; cada coisa, elegância, cada coisa! Até hospitais montaram, equiparam e supriram de remédios, respiradores, instrumentos cirúrgicos. E o Estado só produz atribulações, inquietudes. Gente não tem alma, gente tem espírito.

Enquanto isso, estão soltos por aí bípedes implumes procurando agredir pessoas, constrangê-las, impedir que usem os seus computadores, obtendo dinheiro pelo superfaturamento de respiradores mecânicos que salvam vidas e livram pacientes da agonia de não poderem respirar, cuidando de interesses mesquinhos. Quantas muitas vidas são salvas por um único respirador? Assistimos ao relato indignado sobre um sujeito que propôs superfaturar aparelhos que custam 53 mil Reais por 230 mil Reais a unidade, o valor de cinco unidades e inúmeras vidas. É algo repulsivo, mas está também aí. Bípedes implumes têm alma, gente tem espírito.

Pergunta-se como será o mundo pós-pandemia; diz-se que as pessoas mudarão. Em que sentido? Já perguntou o blog. Eduardo Wolf, no último domingo à noite, desenvolveu extensa reflexão sobre o assunto. Brilhante, mas há um problema: O ponto fulcral da questão é o bípede implume, que muito frequentemente não é gente. E se esse infeliz não mudar, nada mudará; ao contrário, Dudu, vai piorar. O egoísmo, o farinha pouca meu pirão primeiro vai prevalecer. Já se anunciou que os picos passarão, mas o vírus permanecerá por, talvez, quatro ou cinco anos, daí que nem todos estarão encastelados em ilhas milionárias junto a Miami, mas as pessoas mal-resolvidas e esses superfaturadores de respiradores, o egoísmo e o exclusivismo vão dar um jeito de se protegerem entre si. E lucrar. Para eles qualquer um além deles é descartável, lixo.

A Arte da Guerra nunca esteve tão presente na vida brasileira como agora; o Livro das Mutações fornece o pano de fundo. Nenhuma batalha é verdadeiramente vencida pela alma, a expressão primitiva do homem. A alma é instinto, por isso o homem superior não a contempla. A palavra escrita não logra expressar-se plenamente porque não traduz integralmente o pensamento, impossibilitando a comunhão total entre as pessoas, coisa de santos e sábios. E disse o Mestre: Os santos e os sábios criaram imagens para exprimir a amplitude dos seus pensamentos, separando o falso do verdadeiro e acrescentando julgamentos para dar significado completo às palavras. Depois, contínua e descontinuamente manifestaram sua santidade e sua sabedoria, que, impulsionadas, manifestaram, iluminado, o espírito, a forma superior de integração universal dos condutores de homens, para quem as palavras apenas devem ser pronunciadas após decifrarem-se os símbolos, com os quais, preponderantemente, não se atentam. A palavra antes dos símbolos é querela de tolos!

O blog registrou há bom tempo: O homem vive sua vida caminhando por uma floresta de símbolos sem dar-se conta deles; o santo e o sábio os contemplam, adequando-lhes as palavras, revelando, assim, os seus pensamentos. Tenha-se ouvidos para ouvir as palavras dos sábios e identificar os seus símbolos. O homem prudente abre-se à santidade e à sabedoria.

A posse do Eminente Ministro e novo Emérito Presidente da Corte Superior Eleitoral completou-se com farta simbologia e palavras de grande experiência originadas em uma vida exemplar que aproveitarão a todos os seres humanos de consciência afeitos à sabedoria; a aula de pós-graduação ministrada em forma de entrevista anteontem à noite, um clássico, pelo respeitável Mestre e ex-Ministro das Relações Exteriores foi antes de tudo uma lição de Diplomacia e respeito à prática civilizada de inserção internacional, rechaçando a diplomacia do confronto, uma prática menor que desmerece, isola e mais embrutece do que propõe e patrocina soluções, o objetivo final da função diplomática. Como lecionou o Mestre entrevistado, a função da Diplomacia é construir pontes, não erguer muros.

E por falar em símbolos, o que significavam aquelas bandeiras?

Richard Nixon foi um governante de direita que prestou inestimáveis serviços ao seu país e perdeu-se por excessos. É inevitável quando a violência por qualquer de suas formas assume feições ideológicas; às democracias não apraz serem violentadas. Lindes surgem, criados pelos próprios agressores da ordem constitucional ao provocar atos de defesa e resguardo. Não se confrontam agressores, eles são confinados em seus próprios limites, em geral estreitos, porque os ditames democráticos assim o exige. Pura A Arte. Não há batalhas, as coisas simplesmente se corrigem, são colocadas em seus lugares. E os agressores idem.

O mundo mudou de anos a esta parte, é necessária adaptação às suas mudanças; homens educados e cultos não são fracos, são cultos e educados de uma educação que lhes aponta com muita clareza e segurança a direção a seguir. Caixas de Pandora existem e não é prudente provocar a sua abertura; seus reflexos são metódicos, não lentos, e, em regra, demolidores. Há, inclusive, uma linha de procedimento que não admite desvios, decorre do dever de ofício, que não pode ser descurado, porque essencial. Não é ingratidão, é obrigação.

Dificilmente um bug passa desapercebido ante milhões de olhos, entre os quais olhos eficientemente treinados e excelentemente qualificados. A democracia tem aspectos positivos diversos, sendo o maior e mais belo deles aquele em que, nela, ninguém, rigorosamente ninguém, pode tudo.

 

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