LIVRO III - A TERRA E A SUBSTANTIVAÇÃO DA VIDA
Tudo, rigorosamente tudo na Criação feita Evolução, inclusive você e o que lhe concerne,
é produto de interminável sucessão de causa e efeito,
não importa o quanto remota a causa.
________________________________________
Foi há cinco bilhões de anos. Restos superaquecidos de estrelas dilaceradas por potentes explosões vagaram errantes espaço afora em meio a nuvens de poeira e gases interestelares, navegando ao acaso dos elementos liberados na explosão da qual surgiu o Universo. Sob a ação de forças provocadas pelas ondas de choque resultantes das repetidas explosões, gases e poeira cósmica foram a pouco e pouco se agregando, e aderindo, até constituírem um complexo formado de hidrogênio à quase totalidade, continuamente espessado ao longo de milhões de anos até converter-se em densa nebulosa. Empurrados para o centro, os átomos dos gases em processo de compactação intensificaram a pressão sobre o núcleo rochoso da nebulosa até incendiá-lo, acelerando, sob excepcional calor, a troca de grávitons entre as partículas, gerando uma poderosa força gravitacional que passou a atrair a massa gasosa das regiões próximas, além de tudo o quanto pôde alcançar no espaço circundante.
Sobras da voracidade gravitacional, não absorvidas, como compostos de ferro, nitrogênio e carbono, somadas a extensa gama de materiais, formaram uma corrente, cujos componentes, aquecidos a extremo, dispararam, girando a altíssima velocidade em torno da nebulosa mais rápido do que ela, não sendo, por isso, absorvida.
Foi há 500 milhões de anos. O extraordinariamente aquecido núcleo rochoso da nebulosa — que seria o nosso Sol — tornou-se uma estrela de média grandeza constituída basicamente de nitrogênio, hidrogênio e carbono; a corrente a circunda-la, estendida por milhões de quilômetros, formou a atmosfera da nova estrela envolta ainda pela nebulosa, que, saturada de energia e sob intenso calor, descompactou-se e colapsou, dispersando seus fragmentos pelas regiões próximas, ainda sob o o efeito do seu enorme poder gravitacional. Densos, com campos gravitacionais próprios, os fragmentos maiores iniciaram um processo de atração das suas contrapartes menores, crescendo em tamanho, densidade e poder de atração. Estavam surgindo novos corpos siderais, os planetesimais.
____________________
PLANETESIMAIS
Corpos sólidos de dimensões variadas formados pelo
agrupamento de fragmentos da nebulosa protossolar
colapsada, assimetricamente estruturados em virtude
dos desvãos resultantes da incorporação de porções
menores de formato irregular.
____________________
Alguns, maiores, de média e alta rotação, constituídos basicamente de gás, não exerceram sobre os seus pequenos núcleos rochosos pressão suficiente para produzir calor que os incandescesse; assim, permaneceram frios, não se fizeram estrelas, nasceram astros mortos. Os menores, adensando-se, aumentaram com o incremento de massa o poder gravitacional; de baixa rotação, formados em parte maior por material rochoso, seguraram pouco hélio e hidrogênio, em alguns casos apenas um deles. Seus grandes núcleos rochosos, submetidos a alta razão de compressão pelo permanente ajuste dos seus espaços vazios, produziram extraordinário calor, provocando a desintegração dos seus átomos radioativos, fazendo-os irradiar energia ao gravitar em órbita errante ao redor do jovem Sol, atraindo rocha líquida e grãos de ferro da abrasadora atmosfera solar, gases e poeira interestelar, materiais de baixa densidade e alta temperatura, além de despojos superaquecidos de estrelas de primeira geração recém-laceradas. Eram nessa fase absurdas fornalhas de superfícies pastosas infernalmente quentes. Expandidos pela incorporação do lixo sideral, chocando-se em função de suas órbitas desordenadas, os planetesimais começaram a fundir-se pela aderência de suas superfícies pastosas que funcionaram como argamassa, incorporando-os para formar gigantescos corpos celestes. Não mais planetesimais, com massa e poder gravitacional ampliados, esfriaram à medida do esfriamento de suas superfícies, perdendo a viscosidade e a capacidade de se amalgamarem ou agregarem matéria dispersa no espaço. Aumentando de tamanho, o calor distribuiu-se por área maior, reduzindo-lhes por inteiro a temperatura; mais e mais resfriados, começaram a contrair-se a partir da superfície, empurrando as camadas abaixo dela para o centro violentamente quente. Aproximando-se dos núcleos, esses materiais dissolviam-se com as rochas interiores, aumentando acentuadamente o volume de magma e ampliando os braseiros nos quais os já planetas se consumiam, provocando crescente liberação de energia e iniciando um longo ciclo: Maior queima de materiais, maior produção de magma e energia; mais energia, mais calor e ampliação da queima de materiais, resultando maior produção de magma, que lhes saturou os núcleos, cujas paredes não suportaram a alta pressão resultante, fendendo-se; pelas fendas, irromperam das profundezas torrentes de material ígneo acompanhadas de elementos leves, entre eles nitrogênio, metano, amônia e um vapor aquoso de alto valor sulfúreo. Ao chegar à superfície ainda quente, mas de temperatura infinitamente inferior à sua, o magma resfriava à medida que se derramava; acumulando-se, constituiu as formações vulcânicas.
Foi há quatro e meio bilhões de anos. O Sol, uma gigantesca usina termonuclear, irradia cerca de 8.600 bilhões de bilhões de calorias por segundo, perdendo a cada um desse átimo de tempo o peso de quatro milhões de toneladas. A despeito da contínua perda de massa, o astro conserva num sistema de órbitas elípticas, atado à sua força gravitacional, o conjunto de planetas surgidos da evolução dos planetesimais, entre eles a Terra, com os seus vazios estruturais, inóspita e muito quente no início, sem condições para abrigar a vida materializada, como depois ocorreu. Despojada, velada apenas por uma tênue cortina de gases, não tinha proteção eficaz no quentíssimo Universo primitivo; era um campo de intensa energia ampliado pela intensa atividade em seu núcleo, desproporcionalmente grande para o seu tamanho. Pudesse em tal fase ser observada in situ, seria certamente ouvida a sibilação do desbragado cruzamento de ondas de alta energia sobre a sua abrasada superfície. A permanente expansão do Universo, no entanto, arrefecendo gradualmente a temperatura sideral, provocava o paulatino resfriamento do planeta. Decorridos aproximados 700 milhões de anos, com temperatura média em torno dos 100°C, […] [...]
Extrato de A Conspiração dos Medíocres,
Livro III, A Terra e a Substantivação da Vida,
em revisão para publicação nos próximos meses.
Este trecho, assim como trechos de todos os livros
de A Conspiração, inclusive de O Reencontro (Marie-Anne
e Jean-Philipe) será publicado proximamente em Deus, Um
Alvo – Quem foi o Outro?
©Onair Nunes da Silva. Vedado o seu armazenamento
por qualquer meio ou utilização para qualquer fim.
Todos os Direitos Reservados.
_________________________